São Jorge, celebrado hoje, dia 23 de abril, ainda que
popularmente conhecido, tem sua biografia escassa de maiores dados históricos.
Por esse motivo, sua história é composta por muitas lendas e contos, passados
pelas gerações. São Jorge foi canonizado pela Igreja Católica por suas
virtudes e feitos durante sua vida terrena. Na Cidade Maravilhosa, as
celebrações e festejos mobilizam grande número de fiéis, que todos os anos
celebram a data com manifestações religiosas e públicas de amor.
O santo católico, muito devotado na Igreja Ortodoxa e em
algumas igrejas do Oriente, é padroeiro de vários países, como Inglaterra e
Portugal, e de muitas cidades do mundo, como Genova e Moscou.
Segundo o bispo auxiliar Dom Nelson Francelino Ferreira,
no Brasil, a devoção a São Jorge passou pelo processo de sincretismo
religioso, que remonta ao tempo da escravidão. Como os negros tinham suas
próprias convicções religiosas, a imposição da fé católica, sem nenhum
aprofundamento catequético e evangelizador, fez com que eles projetassem em
algumas imagens católicas as suas crenças.
“Para os católicos, São Jorge é um santo batizado, que
viveu da Eucaristia, pelo Evangelho e pela Igreja. Ele viveu intensamente a
vida sacramental, e foi martirizado pela sua fé. O
s cristãos devem continuar
cultivando a sua devoção e piedade, trazendo consigo as características e
adjetivos do santo canonizado pelas virtudes apresentadas na sua vida terrena”,
contou Dom Nelson.
Segundo o bispo, são duas realidades bem distintas que se
encontram na figura de São Jorge, mas cabe aos católicos trabalhar, cultivar,
professar e expandir a devoção ao mártir dentro das prerrogativas católicas.
“É preciso lembrar as pessoas sobre a diferença religiosa
entre o santo católico e a devoção da religião de matriz africana, por meio de
um processo catequético-evangelizador. A Igreja deve cuidar para que os
católicos possam afirmar claramente, sem nenhuma ambiguidade, a sua fé cristã.
Mas é necessário que exista respeito para dialogar de modo maduro e objetivo”,
incentivou Dom Nelson.
REPRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS
Sabe-se que o bravo guerreiro Jorge viveu entre os anos de 275
a 303. Sua
figura montada em um cavalo, lutando bravamente, foi reproduzida em diversas
imagens, telas e artigos de devoção.
Algumas das representações diferenciam entre si, sem
manter fidelidade à lenda. Popularmente, conta-se que São Jorge matou o dragão
para salvar a filha do rei, Sabra, que seria ofertada em
sacrifício. Por isso,
muitas imagens são representadas com São Jorge matando o dragão, outras
apresentam o cavalheiro matando uma serpente.
Avaliando historicamente, os antigos gregos e romanos
descreviam os dragões como enormes serpentes. Daí surgiu a distinção nas
representações. Na interpretação religiosa, acredita-se que tanto o dragão como
as serpentes representam a figura do demônio.
CAPADÓCIA
Algumas lendas apontam o fato de que São Jorge teria
nascido na Capadócia, região do centro da Anatólia que, atualmente, faz parte
da República da Turquia. Nos dias atuais, a Capadócia se tornou uma região
muito visitada por turistas de vários recantos do mundo. Uma das áreas mais
visitadas na Capadócia é o Vale do Göreme, um parque com a mais famosa e
pitoresca área da região, onde há uma concentração de construções religiosas trogloditas,
dentre elas uma em homenagem a São Jorge.
IGOR MARQUES
COLABORAÇÃO: CLÁUDIA BRITO
FOTO: REPRODUÇÃO