Às 15h do dia 29 de março, Sexta-Feira Santa, Dom Orani
presidiu a solene Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, na Catedral de São
Sebastião. Em silêncio o arcebispo do Rio seguiu em procissão até o
presbitério. Depois de ter reverenciado o altar, que estava sem toalha, flores
e velas, representando Cristo na austera nudez do Calvário, ele se prostrou em
terra, como no dia da ordenação, expressando a convicção do seu nada diante da
majestade divina.
Após as leituras, a homilia
e a Oração Universal, seguiu-se o beijo e a adoração da Cruz. Este gesto, na
liturgia da Sexta-feira Santa, significa que os fiéis se dirigem ao Senhor:
“Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz
redimistes o mundo”, porque a verdadeira Cruz, banhada com o sangue do
Redentor, torna-se, por assim dizer, uma só coisa com Cristo.
A Igreja nos reúne nessa
celebração para contemplarmos, refletirmos e aprofundarmos aquilo que
celebramos todos os dias na missa: o Senhor Jesus, que morreu por todos nós,
que esteve na Cruz, derramou seu sangue pela humanidade, assumiu nossas dores
e nossos pecados. Temos a oportunidade de ver que o Senhor entregou a sua vida
pela humanidade, de todos os tempos, de todas as épocas e em todas as
circunstâncias.
Hoje também temos a oportunidade
de beijar a Cruz, recordando que na Cruz o Senhor entregou a sua vida, e
percebemos que todos nós passamos pela Cruz para chegarmos à ressurreição.
Meus irmãos e irmãs, a Palavra
de Deus nos faz proclamar aquilo que realmente celebramos: Deus tanto amou o
mundo, que enviou seu filho, nascido de uma mulher, para entregar sua vida por
nós. Aquele que não tinha pecado assumiu nossos pecados. Morrendo na Cruz, nos
salvou, e ressuscitou para que nós tivéssemos a vida plena. Ele ressuscitou
pela nossa salvação, e quem o acolher e crer n’Ele terá a vida eterna. Esse
anúncio marca a vida da Igreja.
Essa experiência com o Senhor
levou nações inteiras a encontrar a verdadeira vida. Mas olhando para a
história, vemos também que aquilo que Jesus sofreu, também sofre sua Igreja,
seu povo. Em cada época encontramos pessoas que rejeitaram e não ouviram aquilo
que Cristo nos ensinou.
E rejeitar aqueles que O
seguem continua sendo muito atual. Vemos hoje quantas vezes os cristãos são
perseguidos e caluniados. Até parece que se faz um bem para a sociedade quando
se exclui e mata cristãos católicos, seja de uma maneira cruenta, seja através
da difamação.
Mas somos chamados a não
desanimarmos diante das dificuldades, perseguições e martírios nas nossas
vidas, pois sabemos que o caminho com o Senhor nos levará a encontrar a
verdadeira vida. Por isso mesmo, ao beijar a Cruz, nós somos chamados a dizer:
‘Eis-me aqui, Senhor, envia-me. Eis-me aqui, Senhor, me faça Te levar a todos,
fazer de todos discípulos seus pelo mundo afora.
DOM ORANI JOÃO
TEMPESTA
FOTOS: GUSTAVO DE
OLIVEIRA