quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Dom Orani: 38 anos de sacerdócio

“Um pastor incansável”. Esse era o comentário que circulava no átrio da Igreja da Irmandade de São Pedro, no Rio Comprido, ao fim da missa celebrada pelos 38 anos de ordenação sacerdotal do arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta.


Presidida pelo próprio aniversariante, no dia 7 de dezembro, a celebração foi acompanhada por representantes de toda a arquidiocese, incluindo leigos, seminaristas, diáconos, padres e sete bispos auxiliares. Durante a homilia, o celebrante reafirmou seu desejo de incentivar a oração e a unidade da Igreja no Rio.
“Em vez de apenas pensar no aniversário de ordenação, tenho colocado a cada ano essa minha preocupação de fazer nessa data um dia de oração e reflexão sobre as vocações sacerdotais”, explicou, antes de agradecer o apoio dos sacerdotes presentes: “Fico muito feliz de estar aqui hoje com toda a representatividade de nossa arquidiocese, desde os nossos padres mais idosos, que têm uma vasta caminhada de trabalho, luta e doação, até os mais novos, que estão entrando agora na missão.”
Durante a celebração, o arcebispo também verbalizou seu desejo de publicar uma carta pastoral sobre o Ano da Fé, no início de 2013.
“Esse ano eu concluí as visitas em todas as paróquias da arquidiocese. Agradeço a unidade de todos. Sei que cada um tem sua própria personalidade, sua opinião, e é muito bom ver essa diversidade a serviço da Igreja. Agradeço ainda a Deus por tudo aquilo que tenho visto o Senhor realizar em nossa arquidiocese, e gostaria de entregar o quanto antes uma carta pastoral para lembrar tudo isso”, afirmou.
Entre os fiéis presentes estava Valcíria Ramos, mais conhecida como a Val da OVS (Obra das Vocações Sacerdotais), que não conteve seus elogios. “Para mim é muito importante acompanhar o trabalho desse grande pastor, que é um homem incansável”, disse.

De monge a arcebispo

Dom Orani começou sua vida religiosa como monge da Ordem Cisterciense, aos 18 anos. Aos 24, foi ordenado sacerdote em sua cidade natal, São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo.
“Quando na minha juventude, ao ser ordenado padre, eu escolhi como lema ‘Para que todos sejam um’, não imaginava que esse lema seria exercido em várias outras atividades até chegar aqui. Escolhi o lema para minha vida de padre talvez sem ver todas as consequências disso, mas pela providência divina vejo que realmente aquilo que o Senhor colocou no meu coração tem sido uma luz no meu trabalho e na minha vida”, disse Dom Orani, que foi eleito bispo em 1997 e se tornou arcebispo de Belém do Pará em 2004, cinco anos antes de ser transferido para o Rio.
Ao refletir sobre o Evangelho, durante a homilia, Dom Orani associou a passagem da cura dos cegos ao papel da Igreja nos tempos atuais.
“A palavra de hoje nos ilumina, nos faz um chamado enquanto povo de Deus. Nosso trabalho vocacional tem essa realidade de um mundo que tem seus desafios e suas decepções, e a Igreja, baseada no seu encontro com Jesus ressuscitado, que venceu a morte e o pecado, passa a ser sinal de esperança”, disse o arcebispo, acrescentando que a leitura também fala aos jovens: “É um chamado para que os jovens queiram ser arautos da esperança. Que venham partilhar conosco desse encontro como ressuscitados para serem anunciadores da esperança de Jesus, que é a esperança do mundo”. No fim da missa, Dom Orani foi presenteado com uma orquídea e homenageado com uma mensagem lida pelo seminarista Gabriel Coelho.
“De forma muito particular, nós, seminaristas, filhos e ovelhas, devemos dizer o quanto o seu sacerdócio, testemunho e atenção nos serve de referência. Ao longo de sua missão, em meio a essa grande e trabalhosa arquidiocese, nos é perceptível o quanto vale a pena a doação e a entrega total a Deus por meio do serviço ao povo. Queremos desejar que a cada ano, a cada dia, o senhor possa continuar sendo não somente aquele que nos guia, mas aquele que nos faz ser cada vez mais fiéis ao chamado que Deus nos fez através do testemunho de sua entrega”, disse o seminarista.
A missa contou com a presença dos bispos auxiliares Dom Edson de Castro Homem, Dom Luiz Henrique da Silva Brito, Dom Nelson Francelino Ferreira, Dom Paulo Cezar Costa, Dom Pedro Cunha Cruz e Dom Roque Costa Souza, além do bispo emérito Dom Karl Josef Romer.

TEXTO: PEDRO ZUAZO
FOTO: GUSTAVO DE OLIVEIRA