terça-feira, 6 de novembro de 2012

Odetinha: intenso amor por Deus e pelo próximo




A Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, emitiu o nihil obstat (nada impede), na quarta-feira, 31 de outubro, ao processo da candidata carioca aos altares, Odette Vidal de Oliveira, mais conhecida como Odetinha, falecida aos 9 anos de idade. A decisão marca o início do processo de beatificação dessa menina, declarada “Serva de Deus”.
Reconhecendo sua fé viva, sua confiança inabalável e intenso amor por Deus e pelo próximo, a Igreja no Rio de Janeiro criou uma comissão coordenada pelo vigário episcopal para a Vida Consagrada, Dom Roberto Lopes, para apresentar a candidata oficialmente à Congregação para as Causas dos Santos. Odetinha, ao receber a comunhão, com apenas sete anos de idade, já tinha maturidade espiritual para entender o significado da presença real de Jesus na Eucaristia, e sempre pedia após a comunhão: “Oh meu Jesus, vinde agora ao meu coração!”.
“O primeiro passo foi apresentar a história de vida de Odetinha, fazendo o pedido oficial à Congregação para as Causas dos Santos, para darmos o início às pesquisas. O arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, abençoou e assinou esse nosso pedido e, agora, a Congregação já responde àquilo que nós estávamos esperando, que é o nihil obstat, que é a aprovação para o início da fase diocesana do processo, que acontecerá, no dia 18 de janeiro de 2013, durante a preparação para a Festa de São Sebastião. Na ocasião, Dom Orani nomeará os membros de um tribunal específico, que cuidará da primeira fase do processo de beatificação na Arquidiocese do Rio. Com todos os responsáveis escolhidos, a partir daí, serão convocadas as pessoas que por ventura tiveram contato com a Odetinha, para que as mesmas respondam perguntas a seu respeito. A ideia inicial é que no dia 20 de janeiro tenhamos uma missa na Catedral, onde seja designada a igreja para a qual os restos mortais de Odetinha serão transladados e ficarão abertos para a visitação e oração dos fiéis. Teremos a exumação de seu corpo, e uma série de atividades deverão acontecer até o mês de janeiro, preparando tudo isso”, contou Dom Roberto.



Breve Histórico

Odette Vidal de Oliveira nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 15 de setembro de 1930. Chamada carinhosamente pelos pais de Odetinha, lírio de pureza e caridade, dotada de um amor extraordinário a Jesus Eucarístico, ia à missa com sua mãe. Desde muito pequena, aos quatro anos, já possuía colóquios íntimos com Jesus no Santíssimo Sacramento.
Tendo se mudado para o bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio, fez a sua Primeira Comunhão no Colégio São Marcelo, da Paróquia Imaculada Conceição, ao lado de sua casa, em 15 de agosto de 1937, aos sete anos de idade. Desde então, ao receber a comunhão, dizia: “Oh meu Jesus, vinde agora ao meu coração!” Seu confessor atestou sua fé viva, confiança inabalável, intenso amor a Deus e ao próximo.
Demonstrou profunda caridade para com os pobres e a busca da santidade de forma impressionante e extraordinária para uma criança tão nova. Inserida de fato na causa de promoção dos mais carentes, gostava muito de ajudá-los com obras concretas de misericórdia e atividades caritativas semanais (sua mãe fazia uma feijoada aos sábados para os pobres a seu pedido, e ela colocava seu avental e servia a todos alegremente). Irradiou e inspirou uma imensa obra social, assumida com seriedade pelos seus pais, tornando-os grandes apóstolos da caridade por toda sua vida. Estes colaboraram efetivamente com muitos institutos religiosos, salvando alguns da falência, além do trabalho com as meninas órfãs (um pedido de Odetinha), até hoje administrados por religiosas e voluntários.
Sua piedade explica o segredo de todo o bem que realizou com máxima paciência, admirada por todos até o fim. A modéstia e o pudor foram um grande sinal de uma alma pura e boa, nos divertimentos mais inocentes de sua infância. Amava os lírios e rezava o terço diariamente, revelando, assim, sua confiança total em Nossa Senhora. Queixava-se, ainda, pelo fato de São José, que tanto trabalhou e sofreu por Jesus e Nossa Senhora, ser tão pouco honrado.
Nos últimos 49 dias de sua vida sofreu dolorosa enfermidade – paratifo, suportada com paciência cristã. No leito de dor, dizia: “Eu vos ofereço, oh meu Jesus, todos os meus sofrimentos pelas missões e pelas crianças pobres (cf. Ef. 5, 1-2)”. No dia de sua morte, ocorrida em 25 de novembro de 1939, Odetinha recebeu a Sagrada Comunhão às 7h30, e na ação de graças disse: “Meu Jesus, meu amor, minha vida, meu tudo”. Assim, serenamente, às 8h20, entregou sua alma inocente a Deus.
Ele escolhe tantas vezes os pequeninos para tornar mais evidente as maravilhas de sua graça. “Foi arrebatada para que a malícia não lhe mudasse o modo de pensar ou para que as aparências enganadoras não seduzissem a sua alma” (Sb 4,11).
Seu túmulo situa-se na quadra 6, nº 850, no Cemitério São João Batista (Botafogo). Até hoje é um dos mais visitados, sobretudo aos sábados e domingos, por inúmeras pessoas que ali acorrem para agradecer benefícios espirituais e temporais que atribuem à sua intercessão junto a Deus. Sua biografia oficial, lançada no ano seguinte de sua morte pelo padre Afonso Maria Germe, causou grande comoção na sociedade carioca.

RAPHAEL FREIRE
COLABORAÇÃO: MARCYLENE CAPPER E PADRE JOÃO CLÁUDIO
PORTAL DA ARQUIDIOCESE DO RIO

FOTO: ARQUIVO