terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sínodo dos Bispos: "Por uma evangelização cheia de vigor e entusiasmo"




O Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, que teve início no dia 7 de outubro, no Vaticano, foi encerrado neste domingo, 28, com a aprovação de propostas que devem auxiliar o Papa Bento XVI no pastoreio da Igreja, presente em todo mundo, em suas diversas realidades.
Na reta final, foram estudadas 57 propostas, entre elas, questões sobre secularismo, liberdade religiosa, direitos humanos, migrações, Doutrina Social da Igreja, opção pelos pobres, catequese, dimensão contemplativa, família, vida consagrada, diálogo entre ciência e fé, jovens, diálogo inter-religioso e ecumenismo.
A lista das chamadas “proposições” estavam subdivididas em quatro seções: “a natureza da nova evangelização”, “o contexto da missão atual da Igreja”, “as respostas pastorais às circunstâncias dos nossos dias” e “os agentes / participantes da nova evangelização”.

Nessa entrevista, o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, como um dos padres sinodais representantes do Brasil, faz um balanço do Sínodo e seus reflexos para a Igreja no Brasil.


Os bispos do Brasil fizeram intervenções?
Dom Leonardo – Foi um momento muito rico não somente porque tivemos a oportunidade de apresentar nossas contribuições do episcopado brasileiro, da Igreja no Brasil, mas também porque nos ajudou a sentir como Igreja, nos levou a sentir a Igreja. No final, tínhamos, diante de nós um mosaico belíssimo com a variedade, a riqueza, a comunhão, as nossas deficiências, os nossos pecados, as apreensões, as contribuições. Esse mosaico simbolizou um grande senso de comunhão da Igreja. Eu diria que foi a expressão da disposição sincera de todos os presentes em assumir sua missão, como Igreja, de evangelizar, de anunciar Jesus crucificado, ressuscitado.

Qual é a importância da mensagem dos padres sinodais e da nova exortação apostólica pós-sinodal que reúne toda a riqueza do trabalho feito?
Dom Leonardo – A mensagem é uma palavra dos padres sinodais às nossas Igrejas particulares, às nossas comunidades, que procura lembrar as diferenças dos nossos continentes, e propondo uma evangelização cheia de vigor e entusiasmo a partir da realidade.
As proposições apresentadas ao Santo Padre como contribuição para a exortação pós-sinodal lembram que a Igreja tem uma missão: a missão de evangelizar, e evangelizar é uma ação muito concreta: ir ao encontro da realidade. Estamos esperando um documento que nos diga o que seja uma nova evangelização, como ela deve acontecer, envolvendo muito nossas Igrejas particulares, comunidades, ministérios e serviços na Igreja. Certamente o documento vai nos abrir, de novo, para a missão, assim como fez o Documento de Aparecida, que nos levou a assumir a consciência de que somos discípulos missionários.


Qual o reflexo no Sínodo da caminhada da Igreja na América Latina e Caribe, especialmente representada pelo Documento de Aparecida?
Dom Leonardo – O Documento de Aparecida não foi só citado, mas procurado por diversos irmãos no episcopado, tanto assim que o presidente da Congregação para os Bispos, o Cardeal Marc Oullet, colocou o texto do documento em italiano à disposição de todos os padres sinodais. O interesse deve-se à preocupação de todos com uma nova evangelização, que na reflexão do episcopado latino-americano já tinha começado a buscar caminhos.

No ambiente do Sínodo, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil estão nos colocando num caminho em sintonia com a Igreja universal?
Dom Leonardo – As nossas ações foram acentuadas em diversas intervenções. Apesar das realidades de cada continente, todos procuraram sublinhar o tempo que nós vivemos, o que em nosso texto nós chamamos de “mudança de época”. Quanto às nossas urgências, apareceram, principalmente, as quatro primeiras. Uma Igreja que deseja evangelizar, a iniciação à vida cristã realçando o papel do catequista.
A importância da Palavra de Deus, também foi considerada, no anúncio e na vivência da comunidade e das famílias. Por último, a preocupação em relação à paróquia, mas como rede de comunidades, nem sempre usando essa expressão, mas às pequenas comunidades. Creio que essa nossa preocupação como Conferência Episcopal em relação às diretrizes é bem compartilhada com outras conferências episcopais, com outras Igrejas particulares.

O que o Sínodo pode ajudar na preparação da próxima assembleia dos bispos, que vai tratar sobre a realidade da paróquia?
Dom Leonardo – Seria tão bom se tivéssemos o documento pós-sinodal, mas, naturalmente, um documento assim é muito bem preparado, muito bem trabalhado, refletido. Se tivermos o texto, tanto melhor, mas dadas as reflexões no plenário e nos grupos em relação à paróquia, posso dizer que podemos olhar com muita esperança em relação ao tema que desejamos abordar em nossa próxima assembleia, que é “Comunidade de comunidades: nova paróquia”.


O que o senhor leva como marca pessoal do Sínodo?
Dom Leonardo – Levo do Sínodo uma expressão muito forte de colegialidade. A presença do Santo Padre e de tantos irmãos manifestando as preocupações e, ao mesmo tempo, as dinâmicas das Igrejas particulares. Ao mesmo tempo, foi aprofundado o sentido de comunhão, não só entre nós, mas com membros de outras Igrejas. Essa comunhão profunda que é a expressão da vida na Igreja. Nós estávamos todos ali participando porque somos Igreja, porque somos todos filhos no Filho. Nós pertencemos à grande família da Trindade. Outro aspecto é o clima de familiaridade entre os irmãos bispos. Mesmo não nos entendendo muito com a língua, há muita expressão de gestos querendo abraçar, cumprimentar, o desejo de querer saber da realidade uns dos outros.

CNBB
FOTO: INTERMIRIFICA